Whatsapp: Mudança nos termos de privacidade do aplicativo

Entenda a nova política de privacidade do WhatsApp

A repercussão inicial da nova política de privacidade está focada em um aspecto: o uso de dados do WhatsApp, de propriedade do Facebook, para direcionar anúncios e personalizar a experiência do usuário em outras propriedades do grupo. 

Após uma reação negativa de seus usuários, o WhatsApp se esforça  para facilitar a transição, e irá, pela primeira vez, permitir acesso limitado aos seus serviços para usuários que não concordarem com os novos termos de serviço. 

A partir de 15 de maio, esses usuários não poderão mais enviar ou ler mensagens, mas continuarão a receber chamadas e notificações por um “curto espaço de tempo”, sendo necessário o aceite do termo para continuar usando o aplicativo. 

O contexto

O Facebook comprou o WhatsApp em 2014 e, na época, prometeu que as duas empresas não compartilhariam dados. Em 2016, porém, houve uma mudança de conduta e o Facebook decidiu que os usuários poderiam decidir se compartilhariam as informações entre as plataformas ou não. Em janeiro deste ano, o WhatsApp mudou sua  política de privacidade para incluir a exigência de que os usuários compartilhem dados pessoais com o Facebook. 

Houve uma grande reação adversa, muitos usuários decidiram optar por serviços alternativos, como o Signal e Telegram, que coletam muito menos dados, fazendo com que estes fossem baixados massivamente. 

Fake News sobre o tema

Ainda em janeiro de 2021, postagens virais, ironicamente divulgadas nos grupos do WhatsApp, alegaram que a política de privacidade permitiria ao Facebook ler mensagens de usuários. Não é o caso – a criptografia ponta a ponta aplicada pelo WhatsApp impede que o Facebook acesse o conteúdo das mensagens mesmo que deseje, mas a desinformação se espalhou o suficiente para que o WhatsApp divulgasse a declaração: “Nem o WhatsApp nem o Facebook podem ler suas mensagens ou ouvir suas ligações. ”

A empresa agora usa seu recurso de status para tranquilizar seus usuários sobre suas políticas de privacidade e para esclarecer informações e percepções errôneas, além de compartilhar atualizações com seus usuários na guia Status – em telas informativas exibidas esporadicamente.

Mudanças anunciadas pelo WhatsApp

A verdadeira mudança que o WhatsApp está fazendo é comercializar a plataforma.

Os termos prevêem que dados gerados em interações com contas comerciais, como as de lojas que atendem pelo WhatsApp, poderão ser utilizados pelas empresas para direcionar anúncios no Facebook e no Instagram. 

Ou seja, a atualização é sobre recursos de negócios, ajudando as empresas a usar o WhatsApp para enviar mensagens e vender para os usuários, e vincular de volta ao Facebook à medida que o fazem. 

O app informa que permitirá aos usuários conversar com empresas de forma mais segura e fácil, mas enfatiza que essa comunicação será totalmente opcional, colocando o usuário no controle da conversa.

Quais dados serão compartilhados?

A nova regulamentação permite que o Whatsapp compartilhe com o Facebook alguns dos metadados – os dados sobre os dados: 

  • a frequência e tempo de uso do WhatsApp;
  • o horário de uso do aplicativo;
  • o tempo que a pessoa usa o aplicativo;
  • identificadores do smartphone, como device ID (um identificador único vinculado ao aparelho e que é usado bastante para publicidade digital);
  • o consumo da bateria;
  • versão do aplicativo utilizada;
  • Idioma;
  • fuso horário em que a pessoa está.

Além de que, quando o WhatsApp é utilizado na versão web, o app coleta ainda os cookies (arquivos que contém dados das páginas que o usuário acessa na internet), qual navegador está sendo utilizado no computador e o endereço IP.

Com o que se preocupar?

A questão são os metadados – o quem, quando e onde em torno de suas mensagens, bem como seus contatos e informações sobre seu dispositivo. Sendo possível inferir respostas a todos os tipos de questões. A partir dos dados é possível inferir aspectos como a orientação sexual, tendências políticas, o quão bem a pessoa dorme, se é alguém que levanta no meio da noite para ver as suas mensagens, a sua saúde e os seus interesses. Até mesmo seus vícios ou se você tem alguma doença.

Não podemos esquecer que o Facebook está no meio de um projeto para integrar a plataforma subjacente do WhatsApp com as do Messenger e Instagram. A ideia é criar um gigante de mensagens interoperável e vasto que reúna todos os seus públicos.

A nível técnico, o desafio é trazer o Messenger e o Instagram, que já se integram parcialmente, com o WhatsApp, que é o único dos três com encriptação ponta-a-ponta predefinida. 

O Facebook falou no passado sobre como estender a privacidade e a segurança a essa base maior de usuários. Mas, levando em consideração a evolução comercial do WhatsApp, parece muito mais que essa integração tomará uma direção diferente.

Cuidados que os usuários devem ter

O WhatsApp faz coleta de muitos dados, muito mais do que seus concorrentes Signal, Telegram e iMessage. Mas quando comparado a aplicativos como Facebook, Messenger, Google, Instagram, Snapchat e TikTok, ele coleta bem menos. Então, a menos que o usuário evite esses outros, o WhatsApp não é o maior problema.

Assim, os usuários não precisam abandonar o Whatsapp, para continuar usando o aplicativo com segurança é necessário que o seguir algumas recomendações importantes:

  • Evite links e anexos desconhecidos, isso impede que conteúdo malicioso infecte seu dispositivo com malware.
  • Desative a opção de salvar automaticamente imagens no álbum de fotos ou galeria do seu aparelho, arquivos de imagem recebidos podem conter ameaças incorporadas.
  • Ative a Autenticação de Dois Fatores (2FA), contra o sequestro de contas, golpe amplamente aplicado.
  • Cuidado com backups em nuvem, o conteúdo pode ser acessado pela Apple ou Google, invalidando o propósito da criptografia de ponta a ponta do WhatsApp. 

Para finalizarmos, ressaltamos a importância das medidas de proteção acima, pois existem ameaças reais com o mensageiro, que independente das novas alterações nos termos de serviço do WhatsApp, colocam o conteúdo real de suas informações em risco. 

Fontes:

https://www.theguardian.com/technology

https://www.forbes.com/sites/zakdoffman/2021/01/12/you-can-use-whatsapp-after-facebook-apple-imessage-and-signal-backlash-but-change-this/?sh=3a6a4c31798f

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55874291

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