Você aceitaria um café de graça em troca de alguns dados pessoais?
Existe uma rede de cafeteria universitária, com mais de 20 unidades no mundo, chamada Shiru Café, que fornece bebidas gratuitas para estudantes em troca de dados pessoais que serão compartilhados com empresas interessadas em contratar esses alunos. O Shiru não trabalha com dinheiro e a única forma de consumir algo é se inscrevendo no site do café através de uma ID acadêmica, atendendo, portanto, apenas pessoas afiliadas à mesma.
Coleta de Dados
Ao inscrever-se, os alunos fornecem nome, universidade, número de identificação, ano, habilidades de TI, estágios anteriores e o tamanho da empresa que o aluno está interessado. Aqueles que se registram obtém acesso a bebidas gratuitas, Wi-Fi, tomadas e espaços de estudo, além da oportunidade de contato com empresas patrocinadoras por meio de encontros no café. A Shiru afirma que coleta apenas os dados solicitados em seus formulários de admissão e que são compartilhados de forma anônima com as empresas patrocinadoras.
Privacidade
A ideia tem gerado opiniões fortes com base na questão de risco de mal-uso dos dados e da privacidade, há também aqueles que acham essa posição é contraditória. Para esses últimos, o argumento é que a falta de controle de dados pessoais é cada vez mais normal, dando a quantidade de informação já divulgada em eventos como, por exemplo, o escândalo do Cambridge Analytica no Facebook. O outro lado, no entanto, se apoia no ponto de que essa prática permitiria acesso a uma gama muito maior de informações – ao compartilhar “informações agregadas sobre nossos usuários e informações que não identificam nenhum indivíduo sem restrições” – de acordo com a política de privacidade da empresa – empresas terceirizadas podem juntar conjuntos de dados aparentemente anônimos que tenham pelo menos uma coisa em comum.
Venda de Dados Pessoais
A venda de dados pessoais do consumidor vem acontecendo há décadas, muito antes do Google e do Facebook, que recentemente deu às pessoas grandes motivos para repensar, sempre foi o mesmo: coletar informações sobre você e vendê-las para anunciantes que desejam influenciar suas decisões. Abrindo, com esse modelo, uma espécie de “vigilância participativa”.
A ideia sobre um café oferecendo bebida grátis é aparentemente inofensiva, mas gostemos ou não, a velha máxima se afirma: o cliente é o produto.
Texto: Rhuane Coutinho
Imagem: Domenica Cioci
Fonte: http://nymag.com/intelligencer/2018/08/shiru-cafs-offer-students-free-coffee-for-harvested-data.html
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